Mão Santa (DEM), prefeito de
Parnaíba, litoral do Piauí, causou polêmica ao chamar profissionais de
enfermagem que estavam em greve no município de “moleques” e “vagabundos”. As
declarações foram dadas à imprensa durante entrevista coletiva nessa sexta-feira (27). O
gestor disse ainda que cortará o ponto dos profissionais que não retornarem ao
trabalho.
Foto: Arquivo/ODIA
Cortes na gratificação de combate à Covid-19 motivaram o movimento grevista desde o dia 10 de novembro. A greve foi encerrada ainda ontem depois que o Sindicato dos Servidores do Município foi notificado sobre a ilegalidade do movimento pelo Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI).
“Não tem greve nenhuma, tem uns moleques aí, uns vagabundos porque está tudo funcionando. Quem não for trabalhar, eu vou cortar o ponto. Onde está a greve? O governo é forte, muito forte. Eles viviam aqui perto esculhambando. Vocês viram algum grito agora? O governo é forte e o povo acredita e está apoiando”, disse.
Por meio de nota, a Superintendência Municipal de Comunicação de Parnaíba esclareceu que “Mão Santa se referiu exclusivamente a servidores que não cumprem seus expedientes como deveriam, como fica claro dentro do que foi mencionado. Mão Santa afirmou a necessidade de que os servidores de todas as áreas trabalhem em prol da população.” E completou afirmando que “não se trata também de nenhuma referência direta aos servidores da saúde cuja a recente greve foi considerada ilegal por decisão obtida no Tribunal de Justiça do Piauí. Neste caso, o prefeito somente deixou claro que aqueles que não retornarem aos seus postos de trabalho conforme decisão judicial terão seus pontos devidamente cortados.”
Uma das pautas defendidas pelos profissionais durante o movimento foi a cobrança pelo retorno da gratificação em decorrência da Covid-19, recompensação salarial e a reformulação do plano de cargos, carreiras e vencimentos da categoria. Caso não fosse cumprida a decisão de paralisação da greve, seria aplicada multa que varia de R$ 10 a 100 mil por cada dia de realização do movimento, segundo afirmou o desembargador Raimundo Eufrásio, do JT-PI.
SENATEPI se manifesta contra declarações
Em nota, o Sindicato dos Enfermeiros, Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do Estado do Piauí (SENATEPI) repudiou as falas do prefeito. “É inaceitável que um gestor público, representante eleito pelo povo use termos de baixo calão para se referir aos profissionais que prestam importantes serviços a toda comunidade, especialmente em meio a uma pandemia”, disse a entidade.
O Senatepi disse ainda que as falas ofenderam toda a categoria. “Esse tipo de linguagem não coaduna com a postura de uma autoridade e ofende toda a classe. Além disso, menospreza o direito dos profissionais de reivindicarem melhores condições de trabalho e salários dignos, cerceando a livre manifestação de pensamento.”
Por fim, a entidade representativa informou que adotará as providências cabíveis ao caso. “O sindicato informa que adotará as providências cabíveis quanto ao referido incidente, e que a assessoria jurídica da entidade já busca meios para uma retratação.”