Brasileiros estão com dificuldades de acesso a direitos básicos na pandemia como saúde, educação e trabalho, porém, essa realidade não é de agora. No início da crise pandêmica do novo coronavírus, em 2019, quase 10% dos domicílios brasileiros não contavam com abastecimento de água diariamente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A situação chama a atenção para a importância da atuação dos assistentes sociais, profissionais habilitados para viabilizar o acesso a recursos básicos para cidadãos em situação de vulnerabilidade.
Na pandemia, a crise na saúde enfrentada pelos moradores de Manaus é um exemplo dentre os tantos casos no território brasileiro. “Podemos ver essa questão no exemplo de estudantes que não fizeram o Enem por não ter como estudar remotamente ou os doentes que estão sem acesso à saúde básica em Manaus. É aí que o assistente social precisa estar inserido e integrado nas diversas esferas, pois é ele quem tenta viabilizar o acesso a recursos básicos para essas pessoas”, explica a assistente social Karine Silva, 25.
Foto: Agência Educa Mais Brasil
Na visão da profissional, a população tem um conceito equivocado da atuação do assistente social, atribuindo a profissão à caridade. “Nós atuamos e contribuímos para que todos tenham acesso aos seus direitos, que muitas vezes são negados e negligenciados pela esfera pública. Através do nosso trabalho, as situações são expostas e tratadas de forma técnica, sem esquecer o lado humano”, justifica. Dentre os possíveis caminhos que o assistente social pode usar em seu trabalho estão:
- criar projetos para garantir direitos de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social;
- garantir que a população tenha acesso a informações e ações educativas;
- elaborar e implementar programas de bolsa de estudo e auxílio financeiro, assim como selecionar os estudantes que receberão o benefício;
- coordenar programas que discutem temas relevantes na área de saúde, lazer e segurança no trabalho;
- orientar comunidades e trabalhadores a respeito dos programas sociais implementados, informando-os sobre as políticas públicas, direitos sociais e trabalhistas.
Uma das principais atuações dos assistentes sociais são em hospitais, mas esses profissionais podem trabalhar em órgãos governamentais e não governamentais, do terceiro setor, como em ONG’s, e na esfera privada.
Empatia além da pandemia
Na cidade onde mora, em Araguiana, (TO), a estudante Maria Leal foi uma das primeiras pessoas a ter a suspeita de Covid-19 e ela lembra do desempenho dos assistentes sociais que a atenderam. “Fui a segunda pessoa na minha cidade a ter suspeita de contaminação pelo vírus. Então, uma assistente social ligava para saber como estava, para conversar e isso fez com que eu não me sentisse tão isolada, tão sozinha”, frisa.
Maria é graduada em História e mestre em Estudos de Cultura e Território, porém, sempre teve o desejo de fazer uma graduação em Serviço Social e, hoje, está no 3º semestre desse curso. “Na pandemia, os assistentes sociais estão trabalhando para garantir direitos para pacientes e familiares. Eu sei que não é um trabalho fácil, é árduo e nem sempre valorizado como deveria. Mas a expectativa de que você possa estar atuando para melhorar a vida das pessoas, mesmo que não seja de uma hora para outra, já é algo significativo”, conclui a estudante.
Atualmente, no país, existem aproximadamente 190 mil profissionais registrados nos 27 Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS).
Segundo a pesquisa “Assistentes Sociais no Brasil”, realizada em 2005 pelo Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), a profissão é composta majoritariamente por mulheres. O estudo confirma a tendência de inserção do Serviço Social de natureza pública.
A saúde, a assistência social e a previdência social são as áreas que mais empregam profissionais deste segmento. Nesse campo, há diversas especializações e capacitações.
Fonte: Agência Educa Mais Brasil