Consumir notícias ruins de modo exagerado pode levar a um ciclo de tristeza e preocupação, prejudiciais para a saúde emocional e física das pessoas. É o que apontou um estudo realizado com 4165 voluntários nos Estados Unidos. A pesquisa, que pode ser lida em inglês aqui, teve como foco a cobertura de “tragédias coletivas”, como atentados ou desastres naturais.
E não é preciso ir tão longe para achar exemplos práticos de como ter a visão direcionada somente a esse tipo de conteúdo pode afetar quem o consume, mesmo não estando ligado diretamente aos fatos.
Foto: Reprodução/Agência Educa Mais Brasil
Acostumado com o universo jornalístico e com mais de 30 anos de carreira na área, o jornalista Rinaldo de Oliveira, há alguns anos atrás, foi parar no hospital. O indício era de que estar em contato com notícias sobre assassinatos, roubos, corrupções e outras tragédias estava interferindo na sua saúde.
“Eu tive um problema de estômago muito forte quando apresentava um telejornal aqui em Brasília. O programa dava muita notícia ruim. Então, fui parar no hospital e, depois de muitos exames, descobri que estava somatizando, era alguma coisa na minha cabeça que não estava fazendo bem na minha vida”, explica Rinaldo.
A partir de então, o jornalista mudou o direcionamento da sua carreira, deixou a bancada do telejornal que apresentava e passou a se dedicar apenas às notícias positivas, lançando um portal totalmente voltado para as “good news”. A iniciativa não só melhorou o seu bem-estar, como também o ajudou a cumprir com mais liberdade um desejo antigo.
“No fundo, eu nunca gostei de cobrir tragédia, violência. Mas, como jornalista, cumpria minha função. Eu consegui uma forma de me livrar disso. Então hoje eu vivo de só notícia boa e não preciso mais emprestar a minha cara para entrar na casa das pessoas levando um caminhão de notícias ruins para piorar o dia delas”, celebra a mudança.
Só Notícia Boa
Impulsionado por uma dor de estômago, o Só Notícia Boa (https://www.sonoticiaboa.com.br/) foi criado por Rinaldo em 2011. Hoje o site é um dos maiores portais de notícias positivas do Brasil. Com 2 milhões de acessos mensais e milhares de seguidores nas redes sociais, o volume de acesso demonstra a preferência dos leitores pelo consumo de notícias positivas.
Como o próprio Rinaldo define no editorial do portal, no Só Notícia Boa “não é notícia quem mata, mas quem salva. Não quem rouba, mas quem é honesto. Não quem agride, mas aquele que faz boas ações. Não noticiamos tragédias, só casos com final feliz. Em vez de preconceito, damos histórias de superação.”
No site, é possível navegar por editorias como Boas Ações, Brasil, Entretenimento, Mundo, Negócios, Saúde, Sustentável, Tecnologia. Todo o conteúdo, sendo parte dele autoral, é mantido por Rinaldo e sua esposa, a também jornalista Andrea Fassina. A filha do casal, Lorena Fassina, comanda as redes sociais do portal.
O público também entra como um “produtor de conteúdo”, o que acaba contribuindo para uma pluralidade de histórias com a cara do Brasil. “Temos vários pauteiros que são os nossos leitores. Muita gente manda as histórias de onde moram. Por exemplo, uma pessoa mora lá no Amazonas onde aconteceu uma notícia boa que não repercutiu em rede nacional, ela quer ver isso sendo repercutido. Nós checamos se é tudo verdade e noticiamos”, diz o jornalista.
Rinaldo também deixa claro que o seu trabalho não é “anti-jornalismo” e nem para que as pessoas deixem de consumir notícias com histórias negativas. O Só Notícia Boa tem a intenção de equilibrar, inspirar o bem e mostrar que o ser humano também tem ações positivas que ajudam a melhorar o mundo. "Começou porque eu queria fazer alguma coisa que melhorasse o meu estômago e acabou melhorando o de muita gente", brinca Rinaldo.
Fonte: Agência Educa Mais Brasil