A carnaúba é uma palmeira tipicamente brasileira, não existe em outro lugar do mundo. Ela é encontrada em todo o território do Piauí, inclusive está no brasão oficial do governo do estado. Em 2017, a carnaúba foi eleita a árvore símbolo do Estado. Da palmeira tudo se aproveita: as raízes, os frutos, a madeira, a palha, o pó e o Brasil é o único país do mundo exportador da cera do pó da carnaúba. Ano passado, o Piauí gerou 56% da produção, que é retirada entre os meses de junho e dezembro.
O empresário Alessio Dias faz parte da terceira geração de uma família que trabalha com pó de carnaúba, uma história que começou nos idos de 1950. O pai, José Ivan Dias, ao herdar fazendas com grande quantidade da palmeira, percebeu que era uma fonte de renda estável e segura. Desde 1997 operam com a industrialização do pó da carnaúba. “Historicamente, a carnaúba foi e continua sendo muito relevante para a atividade econômica do estado; é um produto natural, altamente sustentável. Se extraído com cuidado, floresce novamente e produz mais palhas e pós”, pondera o empresário.
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(Foto: Divulgação)
Outro ponto importante que pai e filho destacam na atividade econômica com o pó cerífico da carnaúba é durante o período de seca, quando à população se dedica à extração, tempo em que a agricultura de subsistência não acontece no semiárido. “Nos últimos 50 anos, a cera da carnaúba participou sempre como um dos produtos exportados do Piauí, isto já diz a importância; somado a isso tem o valor social, a quantidade de pessoas empregadas é enorme, isso em uma época que não há emprego por conta da seca. É uma verdadeira riqueza.”
Oitenta municípios do nosso estado extraem o pó da carnaúba. Onze mil toneladas no ano de 2021, o maior volume entre todos os estados do país. O diferencial da cera do pó da carnaúba é o ponto de derretimento, o que muita gente não sabe é o destino dela: uso na indústria de química fina, remédios, cosméticos e produtos alimentícios entre outros. O produto se classifica em quatro tipos, cada um com sua utilidade. A cera do pó da carnaúba tem uso difuso, em pequenas quantidades mas em muitos produtos, explica o empresário Alessio Dias. A indústria dele produz doze toneladas anualmente e funciona o ano todo.
A carnaúba é utilizada de forma que não prejudica o meio ambiente. As palhas são retiradas de forma que não prejudicam a planta e são secadas ao sol, sem consumo de energia produzida de maneira poluente. Árvore resistente, oferece uma infinidade de usos econômicos, alternativa para geração de emprego e renda de comunidades rurais. Uma árvore resistente e de uma simbologia muito grande para um estado que sofre as consequências da seca.
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O mel produzido no Piauí é referência em todo o país
Outro destaque econômico do Piauí é o mel de abelha. O estado registrou a maior produção de mel da história em 2021: 6,8 toneladas. Deve manter, pelo quarto ano consecutivo, a liderança nas exportações de mel entre os estados brasileiros.
Além da produção de mel ser destaque na economia nacional, o estado é único em outro detalhe: temos a primeira sommelier de mel do Brasil, a jornalista e apicultora Teresa Raquel Bastos. Para se tornar a profissional que avalia as diferentes análises sensoriais dos meis, as diferentes notas, cores e qualidade; ela viajou para a cidade de Bolonha, na Itália para ter este certificado.
Segunda geração de apicultores da família, Teresa Raquel se dedica à empresa criada pelo pai e dá consultorias a todo o estado e Brasil. Com a experiência adquirida, tanto pelo curso feito na Itália, como na prática do dia a dia, a sommelier diz com segurança: o Piauí tem um mel único e saboroso. “A composição de flores do local, as condições de solo, de chuva, temperatura e as origens botânicas imprimem a característica de uma terra na garrafa de um mel”, explica.
(Foto: Divulgação)
E as características do mel piauiense dependem diretamente da florada. A região semiárida é um grande polo de produção, destacando-se as floradas nativas como a flor da fava, do marmeleiro, oiticica e gitirana. “O mel do Piauí é muito conhecido principalmente pela nossa diversidade botânica; são três biomas: caatinga, cerrado e mata de transição que têm uma riqueza de plantas e flores que dão um mel diferente”, destaca a sommelier.
Outro ponto positivo que ela considera é a produção orgânica que tem certificado, principalmente com as cooperativas e o volume de exportação. “São diversos apicultores que conseguem levar uma grande quantidade de produtos de altíssimo valor agregado para grandes mercados do mundo, um verdadeiro trabalho de abelhinhas “, finaliza com a comparação.
Assim como a extração do pó da carnaúba, a apicultura piauiense tem grande importância socioeconômica e também ecológica. Milhares de famílias estão direta e indiretamente envolvidas na produção e no processamento dos produtos apícolas. É a natureza contribuindo para melhorar a vida do piauiense. Nossa “terra querida” com característica peculiar de geografia, vegetação e clima.
Por: Zan Viana