Não passar debaixo de escadas, evitar usar roupas de determinadas cores e até se benzer quando passar por um gato preto. A lista de superstições numa Sexta-Feira 13 é grande! E tem muita gente que leva a sério a data e cada uma dessas atitudes. Só que esses comportamentos podem ser considerados prejudiciais quando comprometem a rotina, o desempenho no trabalho e os relacionamentos.
É o que alerta a psicóloga Wendy Salazar. Em entrevista ao O Dia, ela afirma que superstições derivam de manias e crenças culturais. Já um Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) parte da obsessão em determinados pensamentos e ações. No entanto, simples superstições podem indicar o desenvolvimento de TOC se praticadas de maneira excessiva e com grande intensidade. “As manias e superstições que ocorrem como um hábito não tem um caráter patológico e não são obsessões. Mas, elas podem, sim, tornar-se patológicas. Por isso, é preciso avaliar o efeito daquele comportamento para que, de fato, possa ser considerado um transtorno”, explicou a psicóloga.
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“No TOC, é muito claro que os comportamentos repetitivos trazem angústia e sofrimento na rotina das pessoas. Na mania e na superstição, isso não deve acontecer”, diferencia a especialista.
O TOC é mais comum do que se imagina. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que 8 milhões de pessoas sofram com esse mal no Brasil. E em dias que há um estigma de azar ou má sorte, como uma sexta-feira 13, as superstições aumentam. Neste ano, além de 13 de janeiro, 13 de outubro também cairá em uma sexta-feira.
Mas a psicóloga esclarece que as superstições da data não são, necessariamente, o problema. Todavia, é fundamental observar a frequência dessas atitudes. “É preciso avaliar a intensidade de determinadas ações, pois se um comportamento apresenta crescimento excessivo e a pessoa faz isso boa parte do tempo, pode ser considerado uma patologia. Porém, só se pode afirmar o diagnóstico após uma avaliação”, afirmou Wendy.
Para o tratamento de TOC, medicamentos específicos e a psicoterapia comportamental podem controlar o problema. O medicamentoso utiliza antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina. São os únicos que funcionam. A terapia cognitivo-comportamental é uma abordagem não medicamentosa com comprovada eficácia sobre a doença. “Por meio da psicoterapia trabalhamos o foco no controle dos impulsos do paciente e o ajudamos a fazer experimentos comportamentais, como técnicas de respiração e controle da respiração”, finaliza a psicóloga.