Na próxima segunda-feira (19), a tecnologia 5G começará a funcionar em Teresina. O anúncio foi feito pela Anatel, mas o assunto ainda gera uma série de dúvidas acerca do que de fato significa essa tecnologia e no que ela vai impactar na vida das pessoas. Em tese, o 5G é uma internet mais rápida que permite maior recebimento e envio de dados de dispositivos para dispositivos.
O que não se fala muito é no fato de a internet de quinta geração ser uma grande facilitadora da conexão entre dispositivos diferentes. Com o 5G, se torna possível, por exemplo, conectar sinais de trânsito em uma mesma rede controlada à distância, conectar sistemas de transporte pela internet para controle autômato, controlar ferramentas utilizadas no dia a dia pelas pessoas através da internet do celular, ampliar a telemedicina e até mais que isso.
Tecnologia 5G vem para conectar mais as coisas do que pessoas, dizem especialistas - Foto: Assis Fernandes/O Dia
O 5G concretiza o que se conhece no jargão tecnológico como Internet das Coisas. É basicamente um conceito de interconexão digital de objetos cotidianos com a internet. Especialistas afirmam que a Quinta Geração traz mais conectividade entre as coisas materiais do que entre pessoas. Daí o nome Internet das Coisas.
Quem explica é Euclides Lourenço Chuma, membro do Instituto dos Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE), uma organização profissional técnica dedicada ao avanço da tecnologia para a humanidade. “O 5G é uma tecnologia muito mais robusta e rápida, o que torna possível você implementá-la para outras tecnologias. A palavra é flexibilidade. Ela possui bastante flexibilidade nas configurações e isso permite que você faça uma rede mais veloz para implementar desde sistemas de transporte autônomos até atender vários usuários em um estádio de futebol, por exemplo. A realidade virtual aumentada também entra nesse rol do 5G. Enfim, ela conecta mais coisas do que pessoas”.
Como essa tecnologia permite a criação de um sistema de comunicação que tem o 5G como base, essa conexão em rede mais ampla se torna também mais suscetível a eventuais ataques. Daí a necessidade de serem reforçados os sistemas de identificação de usuários e garantir que os dados que estão sendo compartilhados não sejam acessados por terceiros ou pessoas mal-intencionadas. Esses sistemas de autenticação foram sendo aprimorados com o passar do tempo conforme novas tecnologias vão se aperfeiçoando.
Euclides Chuma lembra que um dos primeiros sistemas de segurança para acessar dispositivos foi o numérico. Quando os primeiros celulares começaram a ter acesso à internet e armazenar informações pessoais de seus donos, eles passaram a ser protegidos por uma sequência de números. Essa sequência foi depois conjugada com um padrão geométrico na tela quando o 3G passou a vigorar e trouxe a possibilidade de fazer chamadas de voz pela internet e acelerar o envio de mensagens de texto via aplicativos.
Teresina recebe a partir de segunda-feira o sinal 5G - Foto: Assis Fernandes/O Dia
Quando a tecnologia 4G emergiu e trouxe a funcionalidade das chamadas de vídeo em tempo real, a proteção dos dispositivos também se aprimorou e passou a incluir reconhecimento digital e reconhecimento facial. O futuro aponta, segundo os especialistas, para a identificação por DNA.
“O 5G é um protocolo muito mais seguro que o 4G, o que faz com que as falhas de segurança aconteçam mais por parte dos usuários do que do próprio sistema. Eles não atualizam o sistema Android ou iOS e essas atualizações são justamente para corrigir brechas de segurança. Hoje, o celular é a nossa carteira onde guardamos documentos e dinheiro nos bancos digitais. Você não quer sair por aí mostrando sua carteira e o que tem dentro dela para qualquer um. Mas é isso que acaba acontecendo quando as pessoas não reforçam a segurança que já vem no próprio dispositivo e não atualizam seus sistemas”, diz Euclides Chuma.
O especialista orienta as pessoas a não rejeitarem as atualizações de sistema que seus dispositivos pedirem, a utilizar senhas fortes com combinações de números e padrões geométricos na tela, a ativar a identificação via impressão digital e/ou reconhecimento facial e sempre manter seus dados protegidos evitando clicar em links duvidosos recebidos via aplicativos de mensagens. Muitos deles podem ser golpes ou “ladrões” de dados.
Euclides Cunha lembra que o 5G, assim como toda tecnologia, vem com o propósito de trazer avanços para a comunidade, mas que como todo avanço, ele tem um efeito colateral. Efeitos esses que podem ser amenizados com ações simples que estão literalmente à palma da mão.
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Teresina tem até o final de novembro para receber as antenas
A lei municipal que regulamenta os aspectos físicos das antenas do 5G em Teresina foi sancionada no final de março deste ano. É importante salientar que cabe ao Governo Federal a regulamentação técnica do 5G e a concessão do serviço. Aos municípios, compete fazer a regulamentação das antenas físicas que mexem com o espaço urbano do município. No entanto, existe um cronograma que a Anatel e as empresas de instalação das antenas precisam seguir.
“Por esse cronograma, Teresina tem até o final de novembro para receber as antenas. Estamos na expectativa, porque o 5G vem para melhorar aquilo que temos. Ele permite que você tenha menos latência na comunicação entre dispositivos. Não é que a internet vai ficar mais rápida, mas a comunicação entre os dispositivos vai ficar. Tem uma série de coisas que você pode construir na cidade tornando ela mais inteligente a partir do 5G”, explica o secretário municipal de Governo de Teresina, André Lopes.