O ex-capitão Allison Wattson, réu pelo crime de feminicídio da estudante Camilla Abreu, declarou na tarde desta sexta-feira (24) durante julgamento na 2ª Vara do Tribunal do Júri que o tiro que vitimou a jovem aconteceu diante de uma discussão do casal na localidade Mucuim, zona rural de Teresina.
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Segundo o relato de Wattson, o casal buscou a zona rural pelo aspecto reservado do local para sexo. No ato, uma fantasia sexual teria sido o estopim de uma discussão. Ele relatou que retornou ao carro para se vestir, quando Camilla o acompanhou e pegou a arma no veículo. Allisson disse que tentou tirar a arma da jovem no momento que a pistola disparou e atingiu a cabeça da estudante.
Foto: Reprodução
Questionado sobre o ato de ocultar o corpo, o ex-capitão disse que ficou angustiado e arrastou o cadáver até o matagal. “Não sou perfeito, sou humano”, afirmou. O réu negou o histórico de violência contra a então namorada levantado pela acusação, mas relevou que o casal teve discussões durante o ano de relacionamento.
“Acho incrível querer bater nessa tecla (de agressões), porque Camilla era uma menina inteligente. Se você acompanhasse ela nas redes sociais, era uma menina que combatia a violência. Se pesquisassem minha vida pregressa, eu fui um dos primeiros policiais a ter participado do curso do Nupevid”, disse.
“Será se a Camilla, com a consciência que ele tinham, ela ficaria esse tempo todinho comigo sendo agredida. Acho muito difícil. Quem conhecia a Camila ia saber que não. Eu entendo que as pessoas tem a dor da perda assim como eu tive e querem jogar essa dor para outra pessoa, achar um culpado, porque procurar a verdade é difícil”, afirmou.
Sobre o caso
Allison Wattson é acusado de ter matado dentro do próprio carro e ocultado o cadáver de Camila Abreu, na Zona Rural de Altos, em outubro de 2017. Além disso, segundo a Delegacia de Homicídios, ele lavou o veículo sujo de sangue para lavar alegando que pretendia vendê-lo.
Allison foi preso dias depois do crime e encaminhado ao Presídio Militar de Teresina porque, na ocasião, ainda integrava o quadro de oficiais da PM. Em março de 2019, sua expulsão da corporação foi confirmada e, respondendo na justiça comum pelo crime, ele foi transferido para a Penitenciária Irmão Guido onde está preso desde então.